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sexta-feira, dezembro 29, 2006

Carta Pastoral 2006/2007 (2.3)

2.3. “Vinde e vede” (Jo 1,39): A vocação como encontro com Cristo



De facto, em Jesus, Filho de Deus feito homem, o Deus vivo, no excesso do seu amor, entra em pessoa na nossa história, vem ao nosso encontro, aproxima-se de nós, torna-se nosso amigo, partilha connosco o mistério do seu amor, para que tenhamos vida em abundância, vida verdadeira, nova e eterna. Jesus traz-nos a Boa-Nova de que somos amados por Deus como filhos; e dá-nos o Espírito Santo no qual podemos acolher Deus como Pai e os outros como irmãos. O Filho é enviado pelo Pai para chamar os homens a esta comunhão divina e fraterna. O convite de Deus chega até aos homens nas palavras, nos gestos, nos sinais de salvação de Jesus. Não é uma fórmula ou uma doutrina que nos salva, mas a Pessoa viva de Jesus.

Por isso, não existe uma passagem do Evangelho, um diálogo ou encontro que não tenha um significado vocacional: um convite­ – chamamento de Jesus a segui-Lo, que põe o homem diante da interrogação fundamental: que quero fazer da minha vida? Qual o meu caminho?

É verdadeiramente iluminante a narração da vocação dos primeiros discípulos de Jesus no Evangelho segundo S. João 1, 35-39. O amor divino é o acontecimento de um encontro que muda a vida, a experiência de uma hora inesquecível que revive, de novo e sempre, no coração de quem aceita entregar-se a este amor em Jesus.

Quando João Baptista indica Jesus como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” – isto é, como Salvador do mundo –, os dois (João e André) não hesitaram em segui-Lo, sem dizer nada. E Jesus faz-lhes uma única pergunta: “Que procurais?” Pode parecer uma pergunta banal, mas ela vai ao fundo da pessoa, como quem diz: o que vos move? Que anseios estão no interior do vosso coração? De que andais à procura na vida? Que vos interessa acima de tudo? E que esperais de Mim? É pois uma pergunta cheia de sentido, um convite a olhar-se dentro, a advertir o que há de mais profundo em nós.

Por sua vez, eles respondem com outra pergunta: “onde moras?” que exprime o desejo de ficar com Ele. Morando juntos, convivemos, compreendemo-nos, partilhamos algo em comum, sentimo-nos da família. Eles compreenderam pois que seguir Jesus é encontrar a verdadeira morada da própria vida. A resposta do Mestre é um convite a confiar e a fazer uma experiência de vida com Ele: “vinde e vede”. E assim fizeram. É tão grande a impressão daquele encontro que vai marcar para sempre a sua vida, que S. João recorda a hora precisa, típico da memória de um grande amor: “era a hora décima” que, para os hebreus, significava a hora das grandes decisões da vida. A vocação é o encontro com Alguém, não com alguma coisa; é a recordação de uma hora que muda a vida quando se aceita estar com Ele e viver d’Ele, reconhecendo-O como “meu Senhor e meu Deus”. “O encontro com Jesus abre um novo horizonte e imprime um rumo decisivo à vida” (Bento XVI), dá origem a uma existência nova na comunhão com Cristo.

1 comentário:

Anónimo disse...

«O amor divino é o acontecimento de um encontro que muda a vida, a experiência de uma hora inesquecível que revive, de novo e sempre, no coração de quem aceita entregar-se a este amor em Jesus.»
«Eles compreenderam pois que seguir Jesus é encontrar a verdadeira morada da própria vida.»

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Que mensagens lindas e maravilhosas estas!!

(só agora é que me apercebo verdadeiramente desta grande obra... pois no dia da apresentação do novo ano pastoral comprei uma Carta Pastoral mas a verdade é que nunca a li... talvez "por falta de TEMPO" -creio que compreendes o sentido destas palavras- );)

Bjs