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terça-feira, março 11, 2008

Gianna Beretta Molla (1)

A FAMÍLIA PRIMEIRA ESCOLA DE VIDA CRISTÃ

A história de Gianna inicia no dia 4 de Outubro de 1922 em Magenta. É nesta vila a meio caminho entre Milão e Novara, na casa dos avós paternos, que nasce Giovanna Francesca (Joana Francisca), com este nome será baptizada sete dias mais tarde. É a décima dos filhos de Alberto Beretta e Maria De Micheli, aos quais seguirão mais três.

A família mora até ao ano de 1925 em Milão, onde o pai Alberto trabalha num escritório. Em 1937, acabam por transferir-se para a cidade de Bergamo.

Cada percurso de vida cristã é diferente dos outros, e muitos são os santos que encontraram o Senhor já adultos ou fora da sua família de origem. A santidade de Joana, no entanto, nasce e germina na época escolar, como dirá ela própria, dos seus «santos pais, tão rectos e sábios, daquela sabedoria que é reflexo da sua alma cheia de bondade, lealdade e de temor de Deus».

Os pais participavam todos os dias à Missa e quotidianamente comungavam: o pai Alberto de manhãzinha, antes de ir para o trabalho, a mãe Maria, depois de ter acordado e preparado os seus filhos que, muitas vezes, a acompanhavam e participavam com ela à celebração.

No fim do dia, nunca faltava a recitação do Rosário.

A vitalidade e a solidez da fé dos pais de Joana não se reduziam apenas a uma vida de oração, vivida com constância e convicção. Ingressaram, também, na Ordem Franciscana Secular e frequentavam o convento dos Frades Capuchinhos da Avenida Monforte em Milão.

Neste lugar, Alberto e Maria Beretta aprendem a radicalidade evangélica, a sobriedade de vida, o amor pelas Missões, a atenção aos pobres. Esta última dimensão, aparece muitas vezes nos testemunhos dos irmãos de Joana: «Quando crescemos em idade, ao Domingo à tarde, o pai levava-nos consigo a visitar as famílias pobres da paróquia, levando-lhes embrulhos com géneros alimentícios e vestuário. Na nossa família (...), entre as várias vozes do balanço da casa, nunca faltou a da caridade para com os pobres».


A Joana, portanto, vive a sua infância na cidade de Bergamo, onde recebe pela primeira vez a Eucaristia, no dia 4 de Abril de 1928. A partir daquele dia, a Missa e a Comunhão serão para ela um encontro diário, numa vida de oração que é, desde já, muito exigente. Daí a pouco, no dia 19 de Junho de 1930, recebe o sacramento do Crisma.


Joana aparece, por um lado, como uma jovem extraordinariamente orientada para Deus, por outro lado, como uma pessoa absolutamente normal, que vive as normais condições da existência humana.

A situação que, talvez mais do que outras, mostra a “normalidade” da Joana, nestes anos, é a sua dificuldade nos estudos. Nas aulas não se apresenta como uma aluna excelente, nem no que tem a ver com o comportamento, e não tem vergonha de reconhecer que, por vezes, copia os trabalhos dos colegas; não faltam resultados pouco brilhantes, como quando, no liceu, é reenviada ao segundo turno de provas (mês de Setembro) a italiano e a latim (estamos em 1936), ou tem que recorrer a explicações de matemática para não piorar a situação.

Em 1937, quando Joana tem quinze anos, a família desloca-se para Quinto ao mar, perto de Génova; onde ficará seis anos.

Um momento importante deste período é constituído por um curso de Exercícios Espirituais, a que Joana participa de 16 a 18 de Março de 1938. Para muitos biógrafos, estes dias constituem um verdadeiro "salto" na sua vida espiritual: o Pe. António Rimoldi, por exemplo, define esta passagem como a da sua "conversão".

A seguir os Exercícios Espirituais, a vida de fé e de oração de Joana experimenta uma aceleração: a participação diária à Missa enriquece-se com o uso de um pequeno Missal e a Confissão, sempre com o mesmo sacerdote, inicia a ter uma frequência semanal.

Em 1942, morrem a mãe Maria e, depois de poucos meses, o pai Alberto. Joana, com a sua irmã Virgínia, fica em Génova até ao verão para concluir o Liceu. Depois dos exames finais regressam em Magenta, a casa na Rua Roma 91, onde Joana tinha nascido há vinte anos.


Os anos dramáticos da guerra e os anos da reconstrução, cada vez mais difíceis mas também ricos de estímulos, , são vividos, por um lado nos estudos universitários na Faculdade de Medicina, e por outro lado no empenho eclesial, sobretudo na Acção Católica e nas Conferências de São Vicente.

Joana inscreve-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Milão no Outono de 1942.

Numa carta à madre canossiana Mariana Meregalli não esconde as dificuldades nos estudos, mas encontram-se, também, uma indicação da “jornada tipo” de Joana, nestes anos: "Agora digo-lhe clara e sinceramente o que faço e peço-lhe que me acredite. Às 6h30 acordar – estudo um pouco e, depois, às 7h30 Santa Missa – às 9h00 retomo o estudo até ao meio-dia – depois vou descansar (sesta) – às 15h00 recomeço até às 19h00 – 19h30 jantar – às 21h00 rosário – às 22h00 vou para a cama – quando não estou cansada, vou à igreja para estar um pouco em adoração".

Destas linhas emerge a seriedade com que Joana enfrenta o seu dever de estudante universitária, apesar da sua crónica dificuldade em ficar concentrada nos livros. Nos seus apontamentos, é clara a sua convicção do valor de uma rigorosa e séria preparação científica para um futuro de médica.

Todavia o empenho no estudo não parece ser a principal preocupação de Joana. O irmão Henrique testemunha como era fortíssimo nela «o ideal de fazer o bem aos outros», dedicando «todo o tempo livre… na Acção Católica».

Parece ouvir, no testemunho do irmão, as lamentações que muitos pais dirigem aos seus filhos quando dedicam mais tempo às actividades da paróquia ou ao voluntariado, do que ao estudo.

Os anos, que vão de 1943 a 1949 (anos em que faz o doutoramento em Medicina), são incrivelmente empenhados na Acção Católica, que descobriu em Génova, onde foi delegada das Pequenitas nos anos de 1940 a '41. Em Magenta será delegada das Benjaminas em 1944-45, das Aspirantes no ano sucessivo, Presidente da Juventude Feminina da AC de 1946 a 1949 e de 195252 a 1955, delegada das Jovenzinhas de 1951 a 195252, e, também, delegada de zona.

Joana vive estes encargos associativos com grande paixão, desenvolvendo uma extraordinária actividade como educadora cristã das jovens a ela confiadas. Orienta encontros e palestras em Magenta e nas vilas dos arredores, organiza jornadas de retiro, propõe às “suas” raparigas iniciativas de diverção e de convívio. Até mesmo, nos anos difíceis da guerra leva grupos de jovens para jornadas de estudo na sua casa de Viggiona à beira do Lago Maggiore (Maior).

No centro de toda a sua acção educativa está a contínua insistência numa séria vida de oração. Nas anotações para uma conferência às "Gieffine" (Jovens Femininas) de Magenta é possível encontrar uma espécie de programa de vida espiritual que propõe às raparigas e que ela mesma procura viver:

1) Orações de manhã e à noite, rezadas bem, não na cama, mas e joelhos e bem recolhida.

2) Santa Missa: prática insubstituível, inapagável.

3) Possivemente Santa Comunhão. Máxima liberdade. Deve recebê-la quem se sente? Quem sabe o que significa.

4) Meditação: pelo menos dez minutos.

5) Visita ao SS. Sacramento.

6) Santo Rosário: sem a ajuda da Nossa Senhora, não chegamos ao Paraíso.

Juntamente à militância e responsabilidade educativa na AC, Joana une um forte empenho caritativo nas Conferências de São Vicente, que ela mesma “cria” a Magenta em 1943.

Organiza numerosas iniciativas para recolher dinheiro para destinar aos pobres, visita todos os sábados à tarde as famílias mais necessitadas, levando-lhes pão, arroz, senhas para comprar comprar e outras ofertas. Quando eram necessários tratamentos médicos, como por exemplo injecções, ia sozinha, até todos os dias, a cuidar daquelas que chamava as "suas amigas".

Joana, portanto, é como costumamos dizer hoje, uma “jovem empenhada”; mas dentro desta extraordinária riqueza de actividades, continua a alimentar as suas paixões humanas e uma grande alegria de viver. Cresce no gosto pela arte, pinta, toca piano, e sobretudo cultiva um grande amor pela montanha: numerosas são as fotografias que a representam, feliz, nas pistas de esqui ou diante das alturas durante as excursões.

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