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terça-feira, abril 01, 2008

Gianna Beretta Molla (5)

JOANA, MÃE


1. Antes de mais, perguntamo-nos, com qual compreensão, com qual visão do matrimónio começou a sua vida conjugal.

Eis três frases que Joana dirigiu às suas jovens da Acção Católica:

  1. «É preciso saber o que é o matrimónio: sacramentum magnum, sacramento grande. Ser chamada à vida de família não significa ser noiva com 14 anos. Este é só um sinal de alarme. Deves preparar-te desde já à vida familiar».

  2. «Não é possível enveredar pelo matrimónio sem saber amar. Amar significa desejo de aperfeiçoar-se a si mesma e aperfeiçoar a pessoa amada, significa superar o próprio egoísmo. O amor deve ser total, pleno, completo, regulado pela Lei de Deus e eternizar-se no Céu».

  3. «Cada vocação é vocação à maternidade material, espiritual e moral. Deus colocou em nós o impulso da vida ».

Joana preparava-se ao matrimónio com estes propósitos.

2. Contudo, como é que os viveu depois na vida quotidiana?

Com qual mentalidade entrou nesta vocação? São de ajuda os testemunhos.

«Joana era uma mulher deslumbrante, mas absolutamente normal. Era bonita, inteligente, boa, gostava de sorrir. Era uma mulher moderna, distinta, conduzia o carro, amava os montes, gostava das flores e da música. Uma mulher como muitas outras, mas com algo mais: uma grande religiosidade e uma indiscutível confiança na Providência que nunca a abandonou, nem nos seus últimos meses de vida».

Nesta vida simples, serena e quotidiana, coloca-se a sua maternidade que se manifesta, em 1956, com o nascimento do primeiro filho. Logo a seguir, Joana retoma as suas actividades, aceita como médica, de cuidar das crianças da creche e da escola primária. Em 1957 nasce a segunda filha e, em 1959, a terceira. Podemos dizer que a maternidade ritma a sua vida, até colocar o problema que muitas mulheres hoje sentem: o que é melhor escolher; o emprego ou a maternidade? Ela chega a pensar se deve renunciar à profissão de médica, quando diz ao marido: «Prometo-te que quando daremos um mano a Pedro Luís, embora tenha pena, desistirei de trabalhar e farei só a mãe». Joana sente o dilema entre o emprego e a vida familiar, mas o tema da maternidade aparece-lhe como prevalente e determinante. Depois de cada maternidade é radiante, sente-se parte do rito mais extraordinário da história que reproduz o gesto criador de Deus.

No verão de 1962, vê com imensa alegria que está grávida do quarto bebé, uma nova bênção do Senhor. É agora que a sua vida normal, repleta de fidelidades, de tensões, de procuras, mostra que contém também as gemas do heroísmo. É agora que a fidelidade de Joana aos seus propósitos, aos valores em que acreditava, alcança o cume diante das dificuldades que aparecem durante a quarta gravidez.

Aproximando-se o momento do parto, ela repete, de maneira mais explícita, o que tinha dito ao marido acerca da escolha entre ela e o bebé. É o marido que escreve: «Com voz firme e serena, com um olhar profundo que nunca mais esqueci, disseste-me: "Se tiverdes de decidir entre mim e o bebé, nenhuma hesitação. Escolhi – exigo-o – o bebé, salvai-o a ele!"».

Na Sexta-feira Santa de 1962, é internada na clínica de Monza,onde inicia o caminho da sua doação. No Sábado Santo, dia 21 de Abril, nasce Joana Manuela e no Sábado sucessivo, dia 28 de Abril, morre Joana, depois de ter dito muitas vezes: «Jesus, amo-te!».

Ela mesma tinha sintetizado, sem saber mas com um certo pressentimento, como teria corrido a sua vida diante de Deus e diante dos homens, falando às jovens da Acção Católica: «Amor e sacrifício são tão intimamente ligados quanto o sol e a luz. Não se pode amar sem sofrer e sofrer sem amar. Vedes as mães que amam verdadeiramente os seus filhos, quantos sacrifícios fazem! Estão preparadas para tudo, até dar o próprio sangue. E Jesus não morreu na Cruz por nós, por nosso amor? É com o sangue do sacrifício que se afirma e confirma o amor. Não são as grandes penitências que santificam as almas, mas o verdadeiro sacrifício é aceitar a cruz com amor, com alegria, com resignação. Amemos a cruz e lembremo-nos que não estamos sozinhos a carregá-la, mas está Jesus que nos ajuda e, n’Ele que nos conforta, tudo é possível».

Este é o segredo da sua vida, este foi o seu heroísmo, não de um instante apenas, não o heroísmo do findar do dia, dos últimos meses, semanas, dias. O de Joana foi toda uma vida dedicada ao amor e ao sacrifício, que perante as circunstâncias graves, revela a força de Deus que vive no coração de uma mãe.


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