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quinta-feira, janeiro 08, 2009

Jovens e a Crise de Fé

Muitos sentem dificuldade em manter a sua Fé em determinadas etapas da vida, especialmente no tempo de Universidade, pois deparam-se com um grande grupo de outros jovens que não acreditam em Deus, e que fazem pouco daqueles que acreditam, pois pensam que os Católicos acreditam em Algo ou Alguém que não existe.


Educar para a Fé

A educação é necessária em todos os campos. Como tal, a Fé não escapa, pois também precisa ser educada.

Ao contrário do que muitos possam pensar, a educação para a Fé não se aprende só na catequese ou na Missa. De que vale mandar uma criança ou um jovem à catequese e à Missa, se em casa os próprios pais não sensibilizam à prática religiosa? Esta questão serve para mostrar que a educação começa verdadeiramente no seio familiar. Deus está na família, e como tal, é da família que tem que nascer este Amor a Deus e à Igreja de Cristo.

Se os pais não incutirem aos filhos, desde cedo, os valores da Igreja, será muito difícil, quando jovens, “converterem-nos” a Cristo.


Porque abandonam alguns a Fé?

Nos dias de hoje um dos grandes problemas é a vergonha que alguns jovens sentem em dizer que vão à Missa, que acreditam em Deus, e tudo o que diz respeito à Igreja. É por vergonha que, especialmente no Secundário e na Universidade, muitos deixam de frequentar a Igreja. Isto acontece porque, ir à Igreja, na linguagem juvenil, não é fixe, não dá estilo.

Como uma grande percentagem de jovens deixa de frequentar a Igreja e a catequese após o Crisma, embora aconteça também durante o percurso catequético, estes passam a viver somente das coisas momentâneas e visíveis, rejeitando Deus, que é eterno. Pelo facto de ter mencionado que muitos jovens só acreditam naquilo que vêem, relembro S. Tomé, que também ele duvidava da Ressurreição de Cristo, acreditando só quando O viu (Jo 20, 25-28).


Despertar para a Fé

Há pouco falei na dificuldade de se voltar para a Fé se os pais não ajudarem nesse percurso. Quero acrescentar que, em alguns casos, esse não é o “fim de Deus” na vida de um jovem, pois estamos sempre a tempo de despertar para a Fé.

Pode acontecer com alguns jovens aquilo que aconteceu com Sto. Agostinho. Este sentia-se inquieto, ou seja, procurava a Verdade, mas não sabia que essa era Deus. Diante de Vós estava o meu desejo, mas a luz dos vossos olhos não estava em mim (Slm 38, 9-11). Assim acontece com muitos jovens, que durante muitos anos procuram o verdadeiro Ser, mas que nunca pensaram ser Deus.


Fazendo um balanço daquilo que foi dito, resta-me citar aquilo que diz a Sagrada Escritura, e as palavras de Sto. Agostinho.

Para aqueles que reconhecem viver no Amor de Deus: Felizes aqueles que acreditaram sem terem visto (Jo 20, 29). E para os que se sentem perdidos, ou que precisam de força para continuar na procura da Verdade ou para continuar a confirmar a sua fé, aqui ficam as palavras de Sto. Agostinho: Procurar-Vos-ei, para que a minha alma viva. O meu corpo vive da minha alma e esta vive de Vós (Confissões 10, 20).



Joana Veigas


in Mundo Rural, Página Jovem,
Novembro de 2008

Caminhando com S. Paulo - Ano Paulino

Ano Paulino


A 28 de Junho de 2007, o Papa Bento XVI anunciou a celebração do ano jubilar dedicado a São Paulo (Apóstolo). Deste modo, o Ano Paulino teve início no passado dia 28 de Junho e terá o seu término a 29 de Junho de 2009. O Jubileu dedicado a S. Paulo vem por ocasião dos dois mil anos do seu nascimento. Será uma boa forma de conhecer este grande Apóstolo de Cristo, o chamado Apóstolo das Gentes.



Vida de S. Paulo


O Apóstolo era judeu, nascido em Tarso (na Cilícia), e chamava-se Saulo. Foi para Jerusalém quando ainda era jovem, para que pudesse aprender a doutrina das leis e das tradições. Fez grandes progressos nos estudos, sendo um dos mais zelosos partidários da lei, e sendo também um dos maiores perseguidores da Igreja. Pediu a morte de S. Estêvão (primeiro mártir), seguindo-se a grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém, satisfazendo o ódio que Saulo tinha aos discípulos de Cristo.

Apresentou-se ao conselho e pediu mandatos para invadir as sinagogas, para que pudesse actuar contra os cristãos, para terminar, se possível com a Igreja acabada de nascer. Perto da cidade viu descer uma luz sobre ele, rodeando-o a ele e a quem o acompanhava. Saulo escutou uma voz dizendo: Saulo, Saulo, porque me persegues? Comoveu-se e perguntou: Quem sois vós, Senhor? Cristo respondeu que era quem ele (Saulo) perseguia. Ao ouvir estas palavras exclamou: Senhor, que quereis que faça? Jesus disse-lhe para entrar na cidade, e que lá lhe diriam o que fazer. Só Saulo O via distintamente, ficando três dias sem ver, comer e beber (Actos 9, 3-9).

Deus enviou-lhe um discípulo, de nome Ananias. Este deu a vista a Saulo, instituiu-o e deu-lhe o Baptismo. Assim se converteu, passando do maior perseguidor de Jesus Cristo ao seu apóstolo mais fervoroso – pregando e demonstrando a divindade de Jesus. Os doutores da lei perderam a esperança de lhe conseguir resistir, então, optaram por o tirar do caminho, mas os fiéis livraram-no da morte, baixando-o da muralha num cesto.

Apareceu-lhe Cristo, dando-lhe a missão de pregar o Evangelho. Começam aqui as viagens de São Paulo.



Viagens de S. Paulo


Foram três as chamadas viagens de S. Paulo. Estas que tratamos, são as chamadas viagens missionárias. Paulo atravessou parte da Ásia Menor (actual Turquia), parte da Síria e da Arábia (actual Jordânia) até Jerusalém. Seguidamente, segue para a Europa, indo à Grécia e a Roma.

Na sua primeira viagem, Paulo e Barnabé, caminhando de Antioquia a Chipre e ao sul da Anatólia (Perge, Antioquia de Psídia, Icônio, Listra e Derbe), anunciando a Boa Nova da ressurreição e salvação de Jesus Cristo. Geravam assim comunidades. Nesta fase, dá-se uma divisão dos judeus, e por isso, Paulo fala aos pagãos.

Na segunda viagem, Paulo é acompanhado por Silas, tendo como objectivo, primeiramente, encontrar as comunidades que fundou em Anatólia. Neste caminho encontraram Timóteo, que os acompanha na viagem. Chegam à Grécia, e Paulo funda Igrejas em: Filipos, Tessalónica, Beréia, Atenas e Corinto. Regressa a Antioquia, passando por Éfeso e Cesareia.

Na sua última viagem missionária, Paulo revê as Igrejas que fundou na Anatólia e na Grécia, sendo acompanhado por Timóteo e Tito. Volta a embarcar, dirigindo-se para Tiro, Cesareia e Jerusalém. Nesta última cidade, é preso.

Uma outra viagem realizada por Paulo foi a ida para Roma. Esta não era uma viagem missionária, pois já se encontrava como prisioneiro, mas mesmo assim, não pára a sua actividade evangelizadora.



S. Paulo na Sagrada Escritura


Para que se possa entender S. Paulo, é preciso ter em conta os Actos dos Apóstolos, pois é este que ajudará a perceber as Cartas escritas por S. Paulo. É também neste Livro que pode ser encontrado o caminho pessoal que S. Paulo faz (relata o que foi apresentado no ponto Vida de S. Paulo). Se não tivermos presente o Livro dos Actos dos Apóstolos tornar-se-á mais difícil entender as suas Cartas.

Temos 14 cartas de S. Paulo, nas quais podemos dizer que está toda a Doutrina Cristã. Estas podem ser divididas em três grupos. Primeiramente, as Cartas protopaulinas (escritas directamente por S. Paulo) são: Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses, Filémon. No segundo grupo, inserem-se as Cartas deuteropaulinas (atribuídas a Paulo, mas possivelmente escritas após a sua morte pelos seus discípulos), sendo elas: Efésios, Colossenses, 2 Tessalonicenses. No último grupo, estão as Cartas pastorais (escritas a pastores ou dirigentes das comunidades cristãs): 1 Timótio, 2 Timóteo, Tito (que também pode ser inserido nas cartas deuteropaulinas).

Como se pode constatar perante as Cartas, S. Paulo é o autor que mais lemos na Bíblia. Foi um dos maiores seguidores de Cristo, sendo chamado, por muitos, de 13º Apóstolo.



Retratos de Paulo


Os possíveis retratos de Paulo são feitos através das Cartas. Nas protopaulinas, o retrato que mais se destaca é Paulo escritor e teólogo.

Já nos Actos dos Apóstolos, escritos pelo Evangelista S. Lucas, Paulo é apresentado como um missionário preocupado com a abertura do Evangelho à cultura helenista (grega).

Penso que será mais importante destacar Paulo enquanto teólogo. Na realidade, Paulo não escreveu nenhum tratado teológico, não sendo considerado um teólogo como os de hoje.

S. Paulo não teve como primeira intenção fazer Teologia, pois tinha como preocupação primeira, formar em torno de Cristo um povo novo, ou seja, que tivesse uma consciência modificada da sua relação com Deus e entre o próprio povo. Ao longo dos escritos paulinos constata-se a enorme preocupação de Paulo em criar comunidades e em mantê-las animadas, motivadas. Fazia sempre este exercício pessoalmente, somente quando não era possível é que enviava cartas (tratando de problemas específicos, tendo por base princípios e convicções inabaláveis).

As Cartas de Paulo elaboram uma Teologia Paulina, fazendo com que assim, possa ser considerado o primeiro teólogo cristão. Anteriormente já se pensava teologicamente, mas foi Paulo que lhe deu uma dimensão espiritual. Paulo lançou as bases do Cristianismo, partindo das suas convicções firmes e inabaláveis.

Ao longo dos escritos que Paulo deixou, entende-se uma constante coerência de pensamento, distinguindo assim, também, as condições das pessoas (que são variáveis), e de outro lado, os aspectos que são essenciais do projecto a ser construído.

Quando se busca Deus numa realidade concreta, está a fazer-se Teologia. Desta forma, é o que Paulo faz, pois o que faz nas comunidades (que crêem) tem por base a transcendência.

Na época em que Paulo viveu, a Bíblia que existia, era a que possuía os escritos hebraicos, ou seja, o Antigo Testamento. Paulo agarrou-se à interpretação das Escrituras através da fé que possuía em Jesus Cristo.



Viver S. Paulo em ACR


Primeiramente a missão de Paulo é ir pelo mundo anunciar a Boa Nova. Ao fazer este anúncio, tal como podemos constatar nos títulos anteriores, Paulo saiu do seu comodismo e foi partilhar Aquele em que acredita. Verifica-se que Paulo tem a preocupação da partilha entre as Igrejas. Tal como ele, também a Acção Católica Rural deve ter a preocupação de realizar esta mesma partilha entre as Igrejas, ou seja, adaptando aos nossos dias, realizar partilha entre as Paróquias e as Dioceses.

Este ano, com o ano dedicado especialmente a Paulo, somos convidados a participar da missão da Igreja, da missão que Cristo nos deu. Se cada um actuar dentro das suas possibilidades, mas, principalmente das suas capacidades, poderemos contribuir para o Projecto de Deus, mostrando de forma visível a salvação. Para que tal aconteça, devemos ser gente capaz de mostrar no seu olhar a alegria do Evangelho, pois se não formos capazes desta missão, também não seremos capazes de cativar ninguém para seguir Jesus.

Que através de S. Paulo tenhamos a ousadia de mostrar Cristo nas nossas vidas, quer a nível pessoal, quer da ACR, pois desta forma, seremos capazes de viver o Evangelho, e consequentemente, cativar novas caras para seguirem fielmente Cristo Jesus.



Convite para este ano


Para além do Ano Paulino irá realizar-se, em Outubro, o Sínodo dos Bispos, cujo tema será a “Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Conjugando os dois grandes temas que se fundem, temos presente um convite para ir à descoberta da Sagrada Escritura. Deixemos que este convite invada os nossos corações, para que assim possamos dizer, tal como S. Paulo disse: Já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim. (Gálatas 2, 20)


Joana Veigas


in Mundo Rural, Novembro de 2008